Iniciamos o século 21 experimentando extraordinárias transformações sistêmicas na indústria da saúde, em todo o mundo. Três eixos matizam os enormes desafios que impactam indistintamente os sistemas de saúde: financiamento, equidade e eficiência. Esses são potencializados pelo inexorável processo de envelhecimento das populações em parte devido ao próprio sucesso da atenção médica mais qualificada, mais acessível e de maior eficácia em seus meios diagnósticos e terapêuticos e ao explosivo incremento e incorporação das inovações tecnológicas, mesmo em um cenário de limitações orçamentárias, que acomete em variados graus, o setor estatal e as próprias instituições da iniciativa privada.
No específico segmento dos prestadores de serviços de saúde, em nosso país, registramos no início da segunda década, o acirramento da concorrência, a inegável diminuição de margens e o importante delay, salvo as exceções caracterizadas pelas “ilhas“ de excelência, quando comparado o setor médico-hospitalar em geral com segmentos mais maduros da economia nomeadamente, indústria e grande varejo em termos de gestão, produtividade, incorporação de TI e, ainda, qualidade e confiabilidade de serviços/produtos.
Mesmo em tais desafiantes cenários a indústria da saúde, e o específico segmento dos hospitais, clínicas e laboratórios, comprovando seus característicos dinamismo e protagonismo no ambiente da Sociedade do Conhecimento, vêm crescendo consistentemente em todos os mercados, gerando renda e empregos decentes, e alavancando as economias locais, regionais e nacional. Em nosso Brasil, no início dos anos 80, os gastos totais em saúde mal atingiam 4% do PIB; em 2007 já significavam 7,5% e hoje, segundo estimativa da Confederação Nacional de Saúde, representamos 10,2% do produto interno bruto nacional.
Sob essas premissas, cenários e perspectivas, a FEHOSUL juntamente com seus sindicatos filiados, procede uma ampla e profunda reorientação de suas múltiplas atividades, procurando disseminar conceitos e práticas mais adequados à complexa e multifacetada realidade dos tempos atuais, orientando a seus representados, que constituem um universo de quase 15 mil instituições de diferentes portes, para o dever de sermos intolerantes para com o intolerável: má gestão, desperdícios, baixa qualidade, brechas no acesso da população aos serviços e a iniquidade na prestação assistencial.
Dr. Cláudio José Allgayer
Presidente da FEHOSUL