Hospitais e centros de saúde começam a sentir os efeitos das paralisações no RS

ATUALIZAÇÃO Hospitais e centros de saúde começam a sentir os efeitos das paralisações no RS

 

Falta de coleta de lixo hospitalar e de entrega de insumos se juntam a problemas de deslocamento de profissionais e pacientes

 

Mesmo após a divulgação de acordo entre governo federal e os caminhoneiros, as paralisações de caminhoneiros seguem em todo o Brasil. A Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL) segue o trabalho de monitoramento de seus filiados.

O presidente da FEHOSUL e vice-presidente da CNSaúde, Dr. Cláudio Allgayer, afirma que a situação começa a ter reflexos na Capital e no interior do Estado. “Estamos recebendo informações de que os principais pontos de atenção se referem ao recolhimento do lixo hospitalar que está parado em muitos hospitais, na diminuição de entrega de itens de alimentação, e até mesmo de medicamentos, mas planos de contingência já estão sendo implementados. Funcionários também estão tendo dificuldades de chegar aos centros de saúde, assim como pacientes. A FEHOSUL acionou lideranças e autoridades para que caminhoneiros sejam sensibilizados a liberarem a entrega de insumos de saúde. Não nos opomos à greve, mas pedimos colaboração com o fato de atingir a saúde de pacientes”, destaca Allayer.

Abaixo, um resumo dos contatos feitos pela reportagem do Setor Saúde, portal de notícias oficial da FEHOSUL:

A CliniOnco de Porto Alegre, relatou dificuldade de alguns colaboradores chegarem, devido ao transporte público. Quanto a material e insumos, nenhum problema ainda. Porém, se persistir a greve até segunda-feira, a situação poderá mudar. Pacientes também estão reclamando da dificuldade de se deslocar até a clínica.

Em comunicado, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) informou que na madrugada de quinta (24) para sexta-feira (25) ocorreu entrega de oxigênio, que deixarão a instituição abastecida por mais cinco ou seis dias. Por outro lado, a instituição pede a doação de sangue, já que o estoque diminuiu muito desde segunda-feira, data de início da greve dos motoristas. O HCPA precisa de todos os tipos de sangue. Em média, o HCPA recebe cerca de 40 doações por dia. Em função da greve dos caminheiros, o número caiu para apenas cinco. Com os estoques baixos, cirurgias e outros procedimentos médicos são prejudicados. O Banco de Sangue fica na Rua São Manoel, 543 – 2º andar. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 15h. Aos sábados, o atendimento é das 8h às 12h (limitado a 80 doadores).

No Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, a principal preocupação no momento é com o possível acumulo de resíduos hospitalares, já que a empresa responsável pela coleta está com as atividades em escala reduzida. Os serviços assistenciais e o atendimento estão normais.

O Hospital Virvi Ramos, de Caxias do Sul disse que o esquema de transporte público na cidade está reduzido. O oxigênio do hospital se encontrava em 45% na manhã de sexta-feira. Mas a situação de previsão de falta deste item para os próximos dias já foi solucionada.

Hospital Santa Lucia de Cruz Alta está atendendo somente casos de urgência e emergência. O Exército, juntamente com outro hospital da cidade, está cooperando com os serviços de lavanderia. Em relação aos insumos, como soros, o Hospital informa conseguiu estabilizar o estoque ao buscar materiais em Passo Fundo. O transporte de funcionários está garantido até este domingo, dia 27. Alimentos e medicamentos estão com estoque para até cinco dias.

O Hospital Tacchini de Bento Gonçalves está com transporte de funcionários sendo feito por fornecedor próprio, já que as linhas urbanas estão reduzidas. Os suprimentos estão garantidos. Na parte da tarde o Hospital discutirá a logística para os próximos dias.

A Oncologia Centenário de São Leopoldo relata preocupação com a dificuldade de os pacientes realizarem os tratamentos já agendados, por falta de transporte público na cidade e de gasolina nos postos. Os insumos se encontram em estoque adequado, sem previsão de falta para os próximos dias.

O Hospital Moinhos de Vento enviou nota para o portal Setor Saúde, assinada pelo Superintendente Administrativo Evandro Moraes. “ Temos uma estratégia estabelecida de planejamento e cobertura de estoques dos mais variados insumos. No momento, estamos com rígido controle sobre todos os estoques, mantendo a normalidade das operações hospitalares. Porém, é imperativa a retomada da normalidade das movimentações das rodovias do país, imediatamente”.

O Hospital Mãe de Deus mantém os estoques regulares, conforme a sua assessoria de comunicação. Na tarde de sexta-feira, irão avaliar os impactos caso a greve se prolongue por mais dias.

O Hospital Divina Providência acredita que os estoques disponíveis garantem a normalidade por mais uma semana.

A situação segue normalizada no Grupo Hospitalar Conceição, Hospital São Lucas da PUCRS, Hospital Ernesto Dornelles e Instituto de Cardiologia.

A FEHOSUL continua monitorando a situação e emitirá novo informe se ocorrer mudanças relevantes no quadro.

CNSaúde

A Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), entidade da qual a FEHOSUL faz parte reforça que “se a greve persistir, o serviço de prestação de saúde terá consequências. Nossa preocupação iminente é com as ambulâncias do serviço de emergências”, disse Tércio Kasten, presidente da entidade patronal. “Grande parte das caldeiras utilizadas no setor utilizam o diesel como combustível, não dispondo de uma estocagem para longos períodos de carência”, acrescenta.

Temer chama Forças Federais para desbloquear estradas

O presidente Michel Temer afirma que as Forças Armadas serão usadas para desbloquear as estradas. O pronunciamento ocorreu em Brasília, por volta das 13h15 de sexta-feira, 25.

“Comunico que acionei as forças de segurança federais – Exército, Marinha, Aeronáutica e Polícia Rodoviária Federal – para desbloquear as estradas e estou solicitando aos senhores governadores que façam o mesmo”, disse o presidente.