A FEHOSUL e o SINDIHOSPA, em parceria com entidades dos setores hospitalar e médico do Rio Grande do Sul (FEDERAÇÃO DAS SANTAS CASAS, SINDIBERF, AMRIGS, CREMERS, SIMERS) promoveram na tarde desta terça-feira (18), encontro com os candidatos ao governo do Estado, Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB). A atividade ocorreu no Centro Histórico-Cultural da Santa Casa, em Porto Alegre. Odacir Rossato, presidente em exercício da FEHOSUL, e Henri Chazan, presidente do SINDIHOSPA, participaram do encontro. A reestruturação do IPE Saúde, que acumula dívidas importantes com os hospitais gaúchos, foi um dos principais temas do encontro, assim como a necessidade de criação de políticas de cofinanciamento para os hospitais que atendem o SUS.
Cada entidade pôde fazer uma pergunta aos candidatos, que falaram em momentos distintos. O primeiro a responder foi Onyx, das 14h30 às 15h30. Após, foi a vez de Leite, das 16h30 às 17h30.
Sugestões e pergunta da FEHOSUL
Rossato destacou que a sociedade brasileira não costuma olhar para o setor da saúde como um gerador de emprego e renda. “Alguns países europeus têm uma visão diferente e protegem os seus hospitais. Precisamos mudar este olhar, a começar pelo nosso Estado. ”
Ele pediu que os candidatos levassem em consideração a criação de projetos para a qualificação dos hospitais, principalmente na parte da gestão assistencial. Os programas de acreditação com foco na segurança do paciente, por exemplo, contribuem para a melhoria dos parâmetros de resolutividade e diminuição de custos. Ele sugeriu ainda desonerações para possibilitar a melhoria do parque tecnológico dos hospitais, facilitando a adoção de soluções mais modernas que possibilitem o monitoramento e o controle de indicadores, tanto de gestão como de assistência.
A pergunta do presidente da FEHOSUL para ambos os candidatos foi: quais são as propostas do plano de seu governo para resolver os problemas do IPE Saúde?
Confira como respondeu cada candidato:
Onyx Lorenzoni
Segundo Onyx, quando o maior plano de assistência de saúde do Estado, com 1 milhão de beneficiários, falha com atrasos vultosos e repetidos, ou ainda adotando tabelas defasadas, o governo compromete toda a estruturação financeira do setor hospitalar. “Por isso não tenho dúvidas, o emergencial neste momento é resolver o desequilíbrio que existe no IPE. Ao fazermos isso, ajudaremos muito para que os hospitais possam distribuir melhor o seu custo de operação. ”
Ele ressaltou ainda, que a gestão do IPE tem que ser técnica. “No IPE Saúde, se eu for governador, não vai ter nenhum político [na gestão]. Zero! Nem de partido… nós precisamos fazer uma gestão técnica, que compreenda as dificuldades do Rio Grande do Sul. Nós vamos fazer isto com muita responsabilidade para recuperar o IPE Saúde. ”
Em relação à política de cofinanciamento do SUS, Onyx destacou que não se pode ficar limitado ao que o governo federal envia. “É preciso que haja uma atitude firme do governo Estadual, ajudando no suporte. Temos que ter sim o cofinanciamento, é uma responsabilidade do Estado! Infelizmente os últimos governos daqui do Rio Grande do Sul investiram um monte de dinheiro em várias frentes, abriram o leque, mas não fizeram nada bem feito. Governar é fazer escolhas, cada um tem que arcar com as suas”, defendeu Onyx.
Caso venha a se tornar governador, o candidato do PL se compromete a se reunir periodicamente com as entidades da saúde, a partir do primeiro mês da posse. “Vou criar com vocês um grupo de trabalho, com encontros a cada seis meses, para criarmos e definirmos indicadores e ações a serem desenvolvidas para melhorar a saúde gaúcha. Fica aqui o meu compromisso com vocês”, finalizou Onyx.
Eduardo Leite
Eduardo Leite reforçou que a gestão do seu governo conseguiu resolver os problemas de pagamento de salários dos servidores, de valores atrasados dos incentivos junto aos hospitais que prestam serviços ao SUS, assim como a falta de pagamento aos municípios e fornecedores. “Posso dizer aqui, com a autoridade de quem resolveu dívidas e problemas estruturais, que seremos o Governo que também irá resolver os problemas do IPE Saúde”, sentenciou Leite.
Conforme Leite, o aumento de demanda por serviços após a pandemia, a elevada inflação da saúde, o modelo contributivo, assim como o perfil de usuários – mais idosos/maior sinistralidade – foram fatores determinantes para a configuração do atual cenário relacionado ao IPE. “Temos um perfil que demanda um maior número de serviços, com um modelo contributivo que acaba sendo deficitário, em um momento de aumento de demanda [pós-pandemia]”, justificou.
Leite explicou que o governo vem tomando as medidas paliativas possíveis e que serão necessárias mudanças estruturantes no seu próximo governo, principalmente em relação ao modelo de financiamento do IPE. “Não é necessariamente aumentar a contribuição. É uma reorganização, o que significa que alguns, podem, até mesmo, pagar menos, pois estão pagando mais do que deveriam…. Para o IPE ser forte ele precisa ter um modelo contributivo que signifique que ele tenha receita suficiente para arcar com as despesas que ele gera. O que nos dará espaço para que o governo consiga fazer a reorganização das tabelas de remuneração”, defendeu.
Sobre as políticas de cofinanciamento SUS, Leite lembrou que atualmente 102 hospitais estão recebendo recursos diretos do governo gaúcho, dinheiro que está sendo investido em aquisição de equipamentos, como de hemodinâmica, de ressonância magnética, reformas e ampliações, de UTIs pediátricas e adultas, entre outros. “São recursos do Tesouro do Estado. São meio bilhão de reais investidos na média e alta complexidade do Estado, através dos nossos hospitais contratualizados, muitos deles filantrópicos. Mas é claro, precisamos ter articulação, do ponto de vista político junto à União, que tem boa parte da responsabilidade em relação ao financiamento da saúde pública. O que vemos é uma diminuição do investimento da União nos últimos anos, e os estados e municípios aumentando. Precisamos pressionar para que seja realizado de uma forma mais estruturada”, finalizou.
Ao final do encontro, o presidente em exercício da FEHOSUL entregou juntamente com Henri Chazan, um documento detalhando as sugestões da entidade, dividido em acesso, gestão, qualidade assistencial e financiamento.