Sartori destaca o diálogo com entidades para qualificar a saúde gaúcha

O segundo dia do Encontros da Saúde/Tratando de Saúde, evento organizado pela FEHOSUL e Sindihospa, ocorreu na manhã de 8 de agosto. Para falar de propostas para os próximos quatro anos do Governo, o candidato José Ivo Sartori, ex-prefeito de Caxias do Sul, esteve acompanhado de seu vice, José Paulo Cairolli, e do postulante a senador, Beto Albuquerque, e conversou com dezenas de dirigentes e lideranças do setor. Esteve presente ainda a candidata a deputada federal, Teresinha Valduga (PSB).

Na abertura do café da manhã oferecido pelas entidades, o presidente da FEHOSUL, médico Cláudio Allgayer, lembrou que “muitas vezes ainda se confunde saúde com SUS, imaginando que são sinônimos. A visão moderna de gestão reclama uma integração em termos de visão estratégica dessas questões. A integração dos subsistemas SUS, da saúde suplementar e da medicina liberal que é caracterizada pelos gastos diretos do cidadão, é necessária em benefício do cidadão. Esses subsistemas e players não conversam, inexistindo uma visão estratégica integradora, com reflexos negativos no acesso, eficiência nas ações e, mesmo, na qualidade dos cuidados”, reclamou o presidente da FEHOSUL.

Em sua explanação, Sartori ressaltou que já estava envolvido com o tema desde a sua concepção. “Conheço SUS desde a sua criação (1988). Eu achava naquela época que a mudança de mentalidade em relação ao sistema único de saúde ia levar no mínimo 20 anos. Agora, entendo que já chegou uma nova fase e tenho certeza que vocês estão contribuindo e construindo para uma nova situação”, disse, ao destacar a importância da aproximação entre governo do Estado e instituições privadas, sejam filantrópicas ou não, na entrega de serviços à população.

Ao falar de sua gestão por 8 anos como prefeito de Caxias do Sul, o candidato falou das dificuldades em aplicar seu projeto no Hospital Geral. “Vivi uma grande batalha no início, em 1998. A batalha maior foi tentar permitir que ele fosse administrado pela Universidade de Caxias do Sul. Apanhei muito, mas não me arrependo. Até aqueles que defendiam que ele deveria ser único e exclusivamente público, hoje concebem que até a faculdade de medicina é outra. O serviço social, a enfermagem, nutrição, biologia, etc, todos os estudantes que tem a oportunidade de passar minimamente no hospital, tem uma especialização. Passados 16 anos, a própria universidade mudou, se tornou um hospital-escola”, destacando ainda que a população ganhou um hospital mais moderno e com serviços especializados.

Sartori acredita que falta união para a saúde avançar. “É preciso aproximar o governo não só da população, mas das entidades. Nosso governo será de muito diálogo porque temos muito a aprender com vocês. Se alguém quer resultados na aplicação de políticas públicas, não pode fazer sozinho”, analisou. “Pela experiência que tenho, acho que é a hora de remodelar o processo da filantropia. Hoje entidades e organizações religiosas filantrópicas têm que aplicar obrigatoriamente na área específica da sua atuação. Antes, o modelo era mais abrangente e tinha mais atitude social, atendia setores carentes nos mais diversos aspectos”.

O candidato apresentou uma lista abrangente de ideias para o setor, iniciando pela ampliação da atenção básica. “A prevenção é fundamental e obrigação do poder público. Esse é o papel do ente público. E isso não se faz sem parceria com os municípios. Tem que ser aprofundada especialmente na Saúde da Família. Queremos agilizar e ampliar o acesso às consultas de baixa complexidade. Também é preciso aumentar o horário de atendimento nas Unidades Básicas de Saúde, especialmente onde há maior concentração populacional”.

Sartori pretende regionalizar os serviços de média e alta complexidade, para que o atendimento seja feito localmente, desafogando grandes centros. Outro projeto é dar maior atenção à infância e à maternidade. “É o processo educativo de saúde mais amplo, porque é o melhor caminho para fortalecer as políticas preventivas. Vamos fortalecer a presença de um programa que me deu muito orgulho em Caxias do Sul, o Primeira Infância Melhor”.

Sobre a quebra de velhos paradigmas, Sartori disse: “temos que romper barreiras, superar tabus e preconceitos. A modernidade não exige acabar com tudo que já existe, mas manter o que está bom e inovar em outras frentes. E permitir que a qualidade do serviço chegue a todos”, encerrou.

Chamado a falar ao final do evento, o candidato a senador, Beto Albuquerque, ressaltou que a reforma tributária é o caminho para resolver boa parte dos gargalos na saúde. “A Lei de Responsabilidade fiscal manda o município e o Estado investirem em saúde, enquanto o Governo Federal investe 4,5%. Isso inverteu a pirâmide, jogou uma sobrecarga na base e nós ficamos esgrimando os poucos recursos, enquanto lá em Brasília não tem controle e responsabilidade fiscal, o dinheiro vai pelo ralo”, resumiu. Beto Albuquerque defendeu um maior pragmatismo político em resolver as questões prioritárias, com mais ação e menos palavras.

O Encontros da Saúde/Tratando de Saúde reúne, no Sindihospa, os principais candidatos ao governo com lideranças do setor. Depois de Ana Amélia Lemos (Veja aqui), José Ivo Sartori (Veja aqui) e Vieira da Cunha, a série encerra com o atual governador, Tarso Genro, no dia 12 de agosto.